*Coluna Na Cara do Gol – por Hugo do Vale
Foi-se o tempo em que sinônimo de rivalidade eram apenas torcidas querendo provar a todo custo que seu clube era maior que o rival e em que não se mediam valores ou dignidade pra sair “vencedor” nesta contenda muitas vezes inglória.
É bem verdade que grande parte – e em sua maioria agremiações gigantes – ainda apelam pra se chegar a um topo ilusório, tendo como meios vendas precoces de jovens valores e consequências ainda mais graves, como destruição do patrimônio, desde troféus e medalhas a imóveis como CT’s, e até mesmo estádios.
Mas, e a parte legal da rivalidade? Existe! Claro que existe. E nada melhor do que usarmos os exemplos dos nossos principais representantes na elite do futebol nacional, Ceará e Fortaleza.
Desde que o alvinegro lançou seu programa de sócio torcedor, por exemplo, houve uma revolução e um amadurecimento geral da ideia de futebol como um todo em nosso estado. O velho e nocivo pensamento de formar times com altos salários e sem planejamento deu lugar ao profissionalismo e ao foco em um crescimento sustentável, saindo da capital em busca de conquistas regionais, nacionais e, como todos nós estamos presenciando, impulsionando suas marcas num cenário até mesmo internacional.
Além disso, vieram os centro de treinamentos, as estruturas físicas e patrimoniais, as comissões técnicas focadas no desenvolvimento e na evolução de quem se forma no clube e de quem chega de fora, consolidando-se até mesmo em momentos complicados como o que estamos vivenciando sem ter no estádio, apoiando, o calor do torcedor.
No futebol em si, o plano de jogo e padrões táticos adquiridos com a chegada de importantes nomes também são provas de como se apostar na boa rivalidade. E não falo só de técnico, e sim de todo o aparato de construção de equipes fortes mediante um planejamento financeiro responsável. Vale lembrar que, antes dos atuais Vojvoda e Tiago Nunes, tivemos Rogério Ceni e Guto Ferreira com grandes conquistas.
Dito isso, só temos a comemorar. A rivalidade vem fazendo um bem danado ao nosso futebol, tanto que hoje o nivelou por cima – literalmente! -, uma vez que estamos no topo do Nordeste. A consequência disso é que nem Ceará nem Fortaleza, rivais históricos, contentam-se com pouco. Por consequência, servem de exemplo para Ferroviário, Atlético Cearense e outros de participação efetiva em diversas e importantes competições.