*Coluna Jogando em Casa – por Kaio Cézar
Guimarães Rosa, brilhante e imortal escritor mineiro, certa vez cunhou: “o animal satisfeito dorme”. A frase, perfeita metáfora da condição humana, também cabe no futebol, especialmente no atual momento de Ceará e Fortaleza dentro da Série A do Campeonato Brasileiro. As posições na classificação não são ruins e nem há motivo para desespero. Mas, numa disputa de longa duração, é aí onde o perigo mora.
Uma reação do futebol cearense, há cinco rodadas sem vencer na Série A, é urgente!
No caso do Fortaleza, permanecer sem vitórias pode, entre outras coisas, minar a confiança do elenco, que até fez bons jogos nessa sequência negativa, a exemplo do contra o Atlético/MG, mas carece de precisão na hora de finalizar. Nas últimas três partidas, por exemplo, só fez gol na derrota para o Bahia. Talvez um bom jogo contra o São Paulo, em outras circunstâncias, pela Copa do Brasil, ajude na retomada.
Quanto ao Ceará, um reencontro com o bom futebol é ainda mais inadiável. O Vozão, embora 11º, só possui três pontos de vantagem para a zona de rebaixamento. Mais atuações ruins como a diante do Grêmio – até a defesa vai mal, grande trunfo alvinegro em outros tempos – e o clube padecerá por mais um ano na briga contra o Z4, algo que parecia inimaginável há algumas rodadas.
Parecia porque os cearenses já provaram condições de disputar em outro nível, por vagas em competições internacionais, e também porque Fortaleza e Ceará possuem elencos fortes e com talentos conhecidos e reconhecidos. E, sem querer esticar a baladeira do futebol local, mas pautado no que é factível, se os dois chegaram onde estão, por meio de um crescimento gradual e sólido, é possível superar esta má fase – oscilação comum numa competição de 38 rodadas.
O que não pode é se satisfazer com as posições que agora ocupam nem com o futebol apresentado.
A Série A não admite cochilos.