Coluna Mídia Esporte Clube – por Bruno Balacó
Nem só de futebol vive a grade esportiva das emissoras de TV aberta no Brasil. Há espaço sim para que outras modalidades sejam exibidas para o grande público e esse é um dos recados que esse 2021 está mostrando. Com a descentralização do mercado de direitos de transmissão dos campeonatos, que vem se desenrolando desde o início da pandemia, várias emissoras voltaram a investir em esporte depois de um bom tempo, como o SBT e a Record.
A Band também se movimentou e estreia nesta semana a sua grande aposta na área esportiva para essa temporada: a Fórmula 1, que nos últimos 40 anos foi exibida exclusivamente pelo Grupo Globo. No domingo, dia 28 de março, a emissora transmite para todo País o GP do Bahrein, ao meio-dia. A Bandeirantes confirmou que exibirá ao vivo todas as 23 corridas – já os treinos classificatórios ficam à disposição no canal por assinatura Band Sports. Para comandar as transmissões, a Band montou um time de peso, composto por ex-globais conhecidos dos fãs de F-1: o narrador Sérgio Maurício, os comentaristas Reginaldo Leme e Felipe Giaffone, além da repórter Mariana Becker.
Para além da Fórmula 1, a emissora paulista, que durante muito tempo ficou conhecida como “o canal do esporte”, quer agora ser reconhecida como “o canal do automobilismo”, uma vez que transmitirá também a Stock Car, principal categoria de automobilismo do Brasil, e ainda detém os direitos da Fórmula 2, Fórmula 3, Fórmula Truck, Porsche Cup e Stock Light, que podem eventualmente ganhar espaço na programação esportiva em TV aberta.
Quem também voltou a investir em esporte recentemente e merece destaque pelo cardápio variado é a TV Cultura. A emissora se tornou na temporada 2020\21 a nova casa do basquetebol em TV aberta. Depois de passagens pela Band e Rede TV, o NBB (Novo Basquete Brasil) agora é transmitido para todo País pela Cultura, canal público, comandado pela Fundação Padre Anchieta. Uma opção, por exemplo, para os fãs do Fortaleza/Basquete Cearense, que agora podem assistir alguns dos jogos da equipe através da TVC, afiliada da TV Cultura no Ceará. Foi assim nas partidas recentes contra São Paulo e Corinthians. O horário padrão das transmissões na TV Cultura é sábado, às 16h. No dia 27 de março está agendada a exibição do duelo entre Bauru e Mogi, válido pela 19ª rodada da fase classificatória.
A investida no basquete já tem dado bons resultados para a emissora. Com a exibição de jogos do NBB aos sábados, a média de audiência do mês de fevereiro teve aumento de 66% em comparação à média do período entre novembro e janeiro, segundo números divulgados pela TV Cultura, que informou também que nos primeiros dois meses do ano, o crescimento da audiência foi de 25% na média.
Outra novidade desta temporada é que a Cultura está transmitindo também os jogos da LBF (Liga de Basquete Feminino), competição que teve início no dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher), com a participação de oito equipes. A emissora exibe um jogo por semana, aos domingos, ás 14h. A próxima transmissão agendada é Sodiê Doces/Mesquita/LSB RJ e Santo André, em duelo válido pelo 1º turno da fase classificatória.
Os investimentos da TV Cultura no esporte não ficam apenas no basquete. Em 2021, a emissora da Fundação Padre Anchieta também está exibindo a Fórmula E, no ar pela 1ª vez na história em TV Aberta. A presença dos brasileiros Lucas Di Grassi e Sérgio Sette Câmara são alguns dos atrativos da tradicional competição de carros elétricos, que teve sua atual temporada iniciada nos dias 26 e 27 de fevereiro, com as disputas da 1ª e da 2ª corrida sexta e sábado, às 14h. A próxima etapa da Fórmula E está marcada para o dia 10 de abril (sábado).
A Cultura, que na temporada exibiu ainda jogos da superliga de vôlei masculino e feminino, além de diversas partidas de futebol de mulheres, negocia a transmissão do Paulistão Feminino de futebol. Segundo declarou o diretor de esportes da emissora, Flávio Lemos, em entrevista recente ao Estadão, o próximo passo da emissora é investir na transmissão de esportes universitários, com o objetivo de “fomentar as modalidades”.
Toda essa movimentação do mercado de mídia esportiva no Brasil, com transmissões de diversas modalidades em diferentes canais (sobretudo, os de sinal aberto), gera uma perspectiva muito positiva de valorização e visibilidade de outros esportes (para além do futebol masculino que, apesar do momento crise, ainda movimenta milhões e atrai quase todos os holofotes dos veículos de comunicação) que só tornam acessíveis em tempos de olimpíadas ao grande público. É também uma chance que se abre para a formação de uma nova cultura de espectadores e praticantes dessas modalidades. Assim seja.
*Essa coluna é publicada às terças-feiras.