Em entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira (20), na sede da Secretaria de Esporte e Juventude, o secretário Rogério Pinheiro anunciou que a reforma do gramado da Arena Castelão não acontecerá no mês de janeiro, como era desejo do governador do Estado, Camilo Santana. Em vez disso, o campo de jogo está passando por um processo de revitalização para que o local esteja em boas condições para receber os jogos de Ceará e Fortaleza em suas respectivas competições internacionais e também na Copa do Nordeste. Mas a novidade do evento foi a informação de que, em março, o Gigante da Boa Vista poderá ganhar um gramado híbrido, isto é, uma campo de jogo cujo gramado é composto 90% por grama natural e 10% de grama sintética. Alem do gestor, estiveram presentes na coletiva o superintendente de Obras Públicas (SOP), Quintino Vieira; o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz e o vice-presidente do Ceará, Raimundo Pinheiro.
De acordo com Rogério Pinheiro, somente na temporada 2021, a Arena Castelão recebeu 82 jogos. Se somado à temporada de 2020, onde a pandemia fez com que a retomada dos jogos no ano seguinte fosse praticamente emendada com o fim dos jogos do ano anterior, o Gigante da Boa Vista recebeu 128 partidas.
“É o maior número de partidas em todo o Brasil, o maior número de jogos oficiais. Apesar de ser uma honra receber todas estas partidas, em algum momento, em algum setor, o gramado não suportaria esta demanda”, disse.
Segundo o gestor, a implantação imediata de um novo gramado, fosse natural, híbrido ou sintético, demandaria um tempo de implantação que poderia impactar nos jogos da Copa do Nordeste, Copa do Brasil, Campeonato Cearense e até mesmo Taça Libertadores, Copa Sul-Americana e Brasileiro das Séries A e C. Para que isso não acontecesse, optou-se, então, por uma revitalização paliativa que deixaria o gramado em condições de jogo até o dia 20 de janeiro.
“Optamos, por ora, pela revitalização do gramado para que segurasse essa substituição completa até que outros equipamentos sejam entregues e assim a gente possa aliviar o gramado”, explicou.
O superintendente de Obras Públicas do Estado, Quintino Vieira, disse que ainda há muitos pontos a se discutir sobre quando e qual o tipo de gramado a ser implantado na Arena, mas adiantou que há uma possibilidade de que a troca seja feita em março e que seja implantado um gramado híbrido no equipamento.
“Noventa por cento dos estádios da Europa são híbridos. É uma tecnologia que surgiu. Pra isso, é preciso um equipamento que vem da Holanda e o Maracanã começou esse processo há uns 10/15 dias. Está começando a aplicar o gramado híbrido. Essa máquina vai chegar ao Brasil em Fevereiro e nós precisamos pegar essa máquina e trazer para o Ceará” disse.
Ainda segundo o superintendente, os presidentes dos clubes e os representantes do governo farão uma viagem ao Rio para conhecer de perto o processo que está sendo implantado no Maracanã. Caso os clubes aprovem o gramado, a possibilidade da implantação na Arena demandaria entre 12 e 15 dias do mês de março. Caso os clubes não optem pelo sistema, o estádio precisará de uma redução drástica do número de jogos para manter a qualidade de um gramado natural.
“Peço aos nossos companheiros de Ceará e Fortaleza para estudarem se, a partir de 3 de março, por um período de 12 a 15 dias, podemos jogar em outros estádios. Se aprovarmos o Maracanã, nessa viagem que, creio eu, será no início de janeiro, poderemos fechar um acordo com clubes e governo para implantarmos o gramado híbrido na Arena Castelão e, aí sim, ficarmos tranquilos para as temporadas 2022 e 2023. Caso não, teremos que voltar atrás e reduzir o número de jogos na Arena e tratarmos o gramado como uma pérola”, disse.
O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, reconheceu o esforço da administração da Arena Castelão em melhorar o gramado do equipamento, mas ponderou que é praticamente impossível conseguir ter um campo de boa qualidade com 80 jogos por ano. O mandatário do Leão disse também que os clubes devem fazer um estudo para analisar a viabilidade de uma paralisação por 15 dias em março, a fim de que seja implantada a grama híbrida no estádio, porém, com todas as decisões margeadas pelo bom senso.
“Quando passaram a jogar somente Fortaleza e Ceará na Arena, a cada jogo a gente via o gramado ficando melhor, mas não tem gramado nenhum no mundo que aguente 80 jogos por ano, pode ser o de Liverpool que não aguenta (…) cabe a gente estudar com calma, vale a gente fazer um esforço, ver tabela, com quem joga, onde joga e quando joga para poder, de repente, dar essa parada por duas semanas para fazer a implantação do gramado híbrido e ter um gramado de mais qualidade para o ano que vem. Eu acho que é tudo uma questão de bol senso”, disse o gestor, que acrescentou que uma reforma no início de março mão impactaria nos jogos do Leão pela Libertadores da América.
Já o vice-presidente do Ceará, Raimundo Pinheiro, disse acresitar que clubes e governo do Estado consigam encontrar uma solução conjunta para preservar o gramado da Arena. O gestor alvinegro citou também a descentralização de jogos do Castelão a partir de março e sugeriu a Arena Romeirão, em Juazeiro do Norte, como solução para desafogar o Gigante da Boa Vista. Pinheiro, inclusive, “desafiou” o presidente Marcelo Paz, do Leão, a realizar um dos Clássico-Rei pelo Brasileirão em 2022 no Romeirão.
“Felizmente, no ano de 2002, nós vamos ter mais uma praça de esporte com capacidade de abrigar jogos de Ceará e de Fortaleza na primeira divisão, que é a Arena Romeirão, que eu acho que é uma alternativa excelente, inclusive eu quero fazer um desafio a você, Paz: que a gente jogue o Clássico-Rei no Brasileirão na Arena Romeirão” sugeriu.
O primeiro jogo da Arena Castelão em 2002 deverá ser Ceará x Globo-RN, dia 22 de janeiro, pela Copa do Nordeste