*Coluna Jogando em Casa – por Kaio Cézar
Não precisa muito esforço para compreender que a Copa do Nordeste tem algo a mais. Claro que cada competição possui seu charme, mas no caso do Nordestão o grande barato é ver futebol se misturando a diversos outros aspectos dos costumes locais. A “Lampions”, como algum torcedor espirituoso resolveu chamar, pegou e hoje é tanto manifestação de orgulho para os nordestinos quanto exemplo notável de sucesso para outros campeonatos.
O desempenho de bom nível das equipes em campo muitas vezes vira apenas pano de fundo para as mais diversas manifestações culturais, as quais julgo o grande diferencial do evento. A bola Asa Branca, o mascote Zeca Brito, a música-tema, os diversos sotaques ganhando eco. Com as transmissões para todo Brasil via Nordeste FC, TV Aberta e Fechada, então, a Copa do Nordeste virou vitrine deslumbrante para a beleza da nossa gente criativa, alegre e apaixonada por futebol.
Sua primeira edição foi em 1994 e os clubes nordestinos, curiosamente, demoraram para se convencer de que o Nordestão é um produto importante. Voltou de 1997 a 2003, retornou em 2010 e passou por mais um período de inatividade até se consolidar de forma definitiva em 2013. O ano de 2021, portanto, marca a oitava temporada seguida da Copa, que contempla os nove estados nordestinos desde 2015.
O óbvio, isto é, o fato de se prestigiar e reconhecer valores em si com o investimento sério no Nordestão, fez do nosso futebol, antes na dieta do pombo – que sobrevive de migalhas – uma potência em ascensão, cada vez mais forte e consolidado no cenário nacional. Hoje o Nordeste é dono de 20% das vagas na Série A, a elite brasileira, e de forma duradoura. Em 2021, para efeito de comparação, o estado do Ceará continuará com dois representantes, o mesmo número do Rio de Janeiro.
Sem público nos estádios por conta da pandemia de Covid-19, evidente que fica uma lacuna para a edição da Copa do Nordeste que se inicia hoje. Por outro lado, as redes sociais certamente se tornarão a grande arquibancada virtual, dando relevo às emoções do público que adora a CNE, uma competição que já conquistou não só nordestinos, mas todos os brasileiros, por sua autenticidade.
Que a Asa Branca voe em campo como nas notas musicais do velho Lua.
Vida longa à Copa do Nordeste!
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