Coluna Camisa Clássica – Por Junior Ribeiro
Desde seu retorno à elite do futebol cearense, o Ferroviário vem acumulando conquistas importantes e atraindo uma grande visibilidade. Campeão Brasileiro da Série D em 2018, o Tubarão da Barra vai para mais uma temporada na Série C e disputará a Copa do Brasil pela terceira vez em quatro anos. Fora de campo, o clube não deixa a desejar, desde o trabalho nas redes sociais até ações diretas com os torcedores. Para falar sobre estes aspectos, conversamos com Chateaubriand Arrais Filho, Diretor de Marketing do Ferroviário.
Nesta entrevista, abordamos assuntos pertinentes sobre o clube no âmbito do marketing esportivo e a relação entre a instituição e a consolidação de uma nova identidade. Chateaubriand Arrais falou sobre o processo de estruturação do marketing a partir de 2017 e o motivo do clube adotar listras diagonais na camisa principal. O diretor também foi questionado se seria possível uma mudança no escudo, mas ele afirmou que não é a prioridade neste momento.
O clube coral lançou recentemente a nova coleção de uniformes. A apresentação não foi convencional, o marketing produziu vídeos e imagens temáticas. O diretor explicou a escolha pela Barra do Ceará, sede do clube: “É algo também que a gente há um tempo vem fortalecendo, que é essa relação entre o clube e a Barra do Ceará. A gente fez no início da pandemia uma ação junto ao supermercado local onde distribuímos cestas básicas para o bairro, dentre outras ações desde 2017 e 2018. Nessa nova organização do marketing do Ferroviário, tentamos fazer com que o clube tenha um fortalecimento maior dentro da região onde ele atua. Agora no Cearense vamos sediar nossos jogos no Elzir Cabral, mesmo sem público a gente tá trazendo de volta o clube para Barra do Ceará. Temos vários projetos para realmente refortalecer o clube dentro do bairro onde ele mora. E essa ação do lançamento das camisas é mais um ponto dentro dessa estratégia maior na Barra do Ceará.”
A camisa principal para a temporada 2021 conta novamente com as listras diagonais, utilizadas desde 2018. O diretor explicou os motivos da mudança: “Foi muito pensado entre a gente, entre a própria fornecedora na época, que era a Uniex. Já era uma discussão interna de tentar fugir um pouco daquele tradicional que remetia ao São Paulo. Por mais que a gente não queira ocultar e nem esquecer as origens do clube, que vem realmente do São Paulo, o próprio Valdemar Caracas chegou naquela época a ir à capital paulista pegar as camisas do São Paulo como referência, nunca vamos deixar de ter essa memória, mas achamos que era o momento. Principalmente por conta do ano [2018], de grandes competições, voltando ao cenário nacional, então entendemos que naquele ano precisávamos de algo diferente.”
Chateaubriand relembrou que tal modelo de camisas não era novidade para o clube, dando embasamento histórico à escolha: “A fornecedora desenhou, aprovamos. Decidimos, por fim, voltar essas listras diagonais, que por sinal não era algo inédito na história do Ferroviário. Na década de 1970, o Ferroviário já teve camisas com listras diagonais por pouco tempo. Então resgatamos isso e acabou dando muito certo, dando uma sorte tremenda, visto o título Brasileiro e o acesso à Série C.”
Vamos para o quarto ano de listras diagonais e a gente entende que realmente criamos uma nova identidade para o Ferroviário.
Chateaubriand Arrais Filho, diretor de marketing do Ferroviário
Para ele, o clube agora possui uma nova identidade, e que o estilo de listras diagonais já está consolidado: “Mediante o título, as conquistas que a gente teve a partir de 2018, por enquanto pensamos em não mais mudar esse estilo, que é algo realmente bem consolidado internamente no clube. Vamos para o quarto ano de listras diagonais e a gente entende que realmente criamos uma nova identidade para o Ferroviário. Voltando a repetir: sem nunca esquecer o passado, e eu acho que em algum momento vamos resgatar as listras horizontais. Mas de forma oficial, por enquanto, essas listras diagonais realmente hoje são a cara do Ferroviário Atlético Clube.”
Os novos uniformes repercutiram em páginas e blogs especializados em camisas de futebol. Para leitores e seguidores de outros estados é necessário um novo escudo para o Ferroviário, deixando de lado a semelhança com o São Paulo. O assunto divide os torcedores do Tubarão da Barra. Chateaubriand reiterou que não é a prioridade no momento: “É algo que costumeiramente vem sendo discutido, mas no âmbito de torcida. Internamente eu confesso que não é algo discutido. O Ferroviário hoje tem outras prioridades, aliás, muitas prioridades. Entendemos que por enquanto o símbolo/escudo não é algo que seja pensado em remodelação.”
“Nós já tivemos um redesenho no final dos anos 2000, por volta de 2008 e 2009. Desde então, o Ferroviário mantém um desenho único, então todos os uniformes do clube, todas as publicações, seja de internet ou gráficas e externas, tem obedecido um símbolo, que é o atual. Remodelamos naquela época, desenhamos, criamos dimensões próprias, coisa que de 2008 para trás não existia, todo lançamento de uniforme novo vinha um símbolo diferente, dependendo do fornecedor, da costureira antigamente. Tinha ponto entre as letras, as vezes o vermelho ficava de um lado e o preto ficava do outro. Uns mais achatados, outros mais longos. Já foi um grande avanço do Ferroviário fincar um símbolo definitivo. A gente já não vê mais uma salada de símbolos como víamos antigamente. Não somos contra a mudança, mas não é o momento. Vamos aguardar um pouco mais. Quem sabe em breve o clube possa partir para essa discussão mais institucional.”
Leia outros pontos abordados na entrevista:
Como aconteceu o processo de estruturação do marketing do Ferroviário depois do retorno à elite do futebol cearense em 2017?
Chateaubriand: “O ano de 2017 foi um verdadeiro divisor de águas na vida do Ferroviário. A gente vinha de um acesso da Série B para a Série A do Cearense. Tivemos que formar um time rapidamente para estrear no campeonato e acabamos obtendo sucesso. Chegamos ao vice-campeonato cearense, conquistando vagas na Série D do Brasileiro, na Copa do Brasil, Copa do Nordeste, chegamos a eliminar o Fortaleza na semifinal com aquele gol famoso do Mimi.”
“Então 2017 realmente a gente entrou pensando apenas em se manter na Série A do Cearense depois de dois anos na Série B. A partir do vice-campeonato podemos vislumbrar coisas maiores. Aproveitamos o resto do ano de 2017 para se reorganizar, para estruturar a casa, tanto é que a gente não participou da Taça Fares Lopes, já que a gente tinha todas essas conquistas através do Cearense. Podemos nos organizar e então veio a necessidade de organizar o departamento de marketing. Ele iniciou com meu amigo Jeff Peixoto, que hoje é o vice-presidente institucional do Ferroviário, e depois eu pude assumir e dar continuidade ao trabalho que a gente vem realizando até hoje.”
De forma geral, qual a expectativa do clube para a temporada 2021, visto que agora tem a participação na Copa do Brasil? Quais os objetivos deste ano e como o marketing pode contribuir?
Chateaubriand: “A gente segue vivendo um momento muito delicado com essa pandemia, então os desafios continuam os mesmos de 2020. Como a gente não pode ter torcida no estádio, muita coisa é privada em relação ao marketing, os próprios números de sócios caem, a venda de material esportivo cai também. A própria proximidade com o torcedor perde um pouco. Estamos encontrando alternativas, lives, redes sociais, e-mail, SMS, temos utilizados de vários canais para tentar estar próximo do torcedor neste momento, mas não é fácil.”
“Como voltaremos a disputar uma competição nacional agora no primeiro semestre, no caso a Copa do Brasil, depois vem novamente a Série C, onde vamos buscar novamente o acesso, querendo ou não a marca do Ferroviário cada vez mais em evidência. Então a gente vai tentar aproveitar isso para poder mostrar ao torcedor de que mesmo ele não indo ao estádio, ele precisa estar próximo do clube. Até porque nosso programa de sócio é um dos mais completos do país, com clube de benefícios, com várias vantagens, para além daquela de trocar ingressos no estádio. Os próprios patrocinadores, temos tido dificuldades, mas estamos tendo um retorno muito bom de patrocinadores.”
“A questão do licenciamento de marca, que conquistamos no ano passado, a marca do Ferroviário hoje é registrada pelo INPI [Instituto Nacional da Propriedade Industrial], temos várias empresas que estão licenciando a marca. Então são saltos que estamos dando mesmo nessas dificuldades, esperamos que tudo isso passe para que a gente possa ter o torcedor de volta no estádio e realmente poder fazer ações in loco, na própria Arena.”
Excelente texto. Talento indiscutível
Sou a Amanda Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.