Companheiro fiel e histórico dos torcedores que vão ao estádio, o “radinho de pilha” vem sendo barrado por policiais na entrada dos jogos na Arena Castelão. Desde a volta da torcida aos estádios, é crescente o número de reclamações de torcedores que alegam ter tido problemas para ingressar àquela praça de esportes com o objeto. Há relatos de torcedores que tiveram seus rádios e documentos de identificação fotografados para, somente assim, entrarem na Arena, bem como casos de pessoas que simplesmente foram proibidas de entrar com o utilitário e tiveram de retornar a seus veículos para guardá-lo.
O comerciante Tales de Paula passou por esta situação em dois jogos do Ceará. Segundo ele, a alegação é de que o rádio pode se tornar um objeto contundente caso seja arremessado no campo ou contra algum torcedor. Para entrar com o rádio no estádio, o torcedor precisou que seu RG e seu rádio fossem fotografados pelos policiais autores da abordagem.
“Eles [policiais] disseram que o rádio pode se tornar perigoso se alguém arremessar para o campo ou em outro torcedor. Perguntei se o celular não seria tão potencialmente perigoso quanto. Ele disse que o torcedor não arremessaria o celular por tratar-se de um objeto de valor. Expliquei a ele que meu rádio havia custado 400 reais. Aí que ele autorizou entrar, mas fotografou o meu RG e eu rádio. Da segunda vez, a mesma coisa. E sempre num tom ríspido, até arrogante, dizendo ‘Já está avisado, no próximo jogo não entra’. É uma coisa que chega a ser humilhante”, desabafa.
A revolta do comerciante é compartilhada pela estudante Juliane, torcedora do Fortaleza. Após mais de um ano sem ir aos estádios, a jovem disse que teve sua bolsa revistada no retorno da torcida do Leão às arquibancadas, contra o Atlético-GO. Segundo ela, ao encontrarem um rádio no local, informaram que ela teria de guardar o objeto em algum lugar pois não poderia adentrar ao estádio com ele.
“Sempre que fui aos jogos, fui com meu radinho. Acompanho melhor quem está com a bola, entendo melhor o panorama do jogo, o rádio é o complemento do estádio. Nunca tinha passado por isso. Daqui a pouco vamos ter de vir pra jogo somente com a roupa do corpo”, desabafou.
Presidente da APCDEC diz que rádio é parceiro histórico do torcedor nos estádios
Presidente da Associação Profissional de Cronistas Desportivos do Estado do Ceará (APCEDEC), o radialista Alano Maia também se mostrou indignado com a situação. Para ele, o rádio é um parceiro histórico e emblemático dos estádios e proibi-lo liberando outros objetos possivelmente contundentes é um critério que não faz sentido.
“Nós fomos surpreendidos com a informação de que houve revista na bolsa de uma torcedora e proibiram-na de usar o rádio. Segundo os órgãos de segurança, o torcedor poderia pegar o rádio e, com raiva, jogar no árbitro, jogar num jogador, e aí foi proibido de entrar. Nós condenamos veementemente isso, porque o rádio tem uma história, o rádio faz parte da cultura do futebol. Argumentamos o porquê de não poder entrar o rádio mas poder entrar o celular, e disseram que é porque o celular é caro, o rádio é mais barato e esse tipo de argumentação simplesmente não existe. O rádio é centenário, o rádio é cultura e futebol sem rádio não existe. Estamos protestando porque é um fato lamentável”, disse.
Polícia diz que veto ao rádio atende artigo do Estatuto do Torcedor
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Polícia Militar do Ceará informou, por meio de nota, que “após o retorno dos jogos de futebol com público, a Polícia tem somente orientado o torcedor quanto ao acesso no estádio com o rádio de pilha, uma vez que o Estatuto do Torcedor, em seu artigo 13-A, que define as condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, determina que o torcedor não esteja portando objetos ou substâncias suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de violência, logo, não somente o rádio de pilha, mas diversos objetos são proibidos nos locais de jogos em nome da segurança dos torcedores e protagonistas, como por exemplo bastão de ‘selfie’, capacetes, sombrinhas, sinalizadores luminosos, dentre outros. Sendo assim, a PMCE tem auxiliado e supervisionado as buscas pessoais realizadas pela segurança privada em dias de jogos e orientado os torcedores quanto a aplicação do Estatuto do Torcedor”.
Ministério Público acompanha o caso e deve se posicionar em breve
A reportagem também procurou o Ministério Público, através do Núcleo de Defesa do Torcedor (NUDTOR), que disse estar acompanhando o caso mas que só irá se posicionar sobre o assunto após reunião colegiada do Núcleo, o que deve acontecer, segundo a nota, em breve.
FUTEBOL SEM RADIO NÃO EXISTE, OU BICHOS BURROS, SÓ TENTAM PREJUDICAR O TORCEDOR E QUEREM VER OS ESTADIOS LOTADOS….
Absurdo , fazem de tudo para afastar o terceiro dos estádios , ainda tem o fato de ser “ destratado” , certa forma humilhado .